DOCUMENTÁRIOS PARA REPENSAR MODA E CONSUMO

Olá senhores delegados!

Pra completar o post sobre sustentabilidade da semana passada, hoje vamos dar dicas de documentários sobre moda e sustentabilidade, pra vocês sairem espalhando muito conhecimento por ai!

Moda sustentável é um conceito super amplo que envolve alguns critérios como, por exemplo: produção humanizada, remuneração justa, condições de trabalho decentes, redução do lixo gerado pela produção e consumo dos produtos, utilização de tecidos ecológicos, entre outros. 

Você sabe quem fez as roupas que você está usando? Você sabe em quais condições ela foi feita? Os documentários citados abaixo mostram detalhadamente, ao redor do mundo, o processo de produção das nossas roupas, desde o plantio das matérias-primas utilizadas para a produção dos tecidos até chegar ao seu guarda-roupa. 

THE TRUE COST

The true cost é um documentário feito em 2015, onde o diretor Andrew Morgan explora a fundo a indústria da moda que conhecemos hoje. O documentário mostra todos os impactos sociais, econômicos e ambientais que a indústria gera e que são pouco discutidos nos dias atuais. Aborda a questão do crescimento do consumo e do rápido descarte de produtos como consequência advinda do sistema capitalista. 

Viaja ao longo do globo para países desenvolvidos e subdesenvolvidos, como Bangladesh, mostrando a realidade do trabalho nas indústrias textêis, o processo de produção das peças, o salário que os trabalhadores recebem e acidentes como o desabamento do edíficio Rana Plaza em 2013. (ALVES, 2018)

Levanta também uma discussão acerca da indústria de agrotóxicos, que polui o meio ambiente e afeta a saúde da população. “Em 2015, ano em que o documentário foi produzido, o mesmo anunciava que 80 bilhões de peças de roupas eram produzidas, 400% a mais que 20 anos atrás. Com isso a quantidade de roupas em lixões tem aumentado nos últimos 10 anos.” (ALVES, 2018). A maior parte das roupas que estão nesses aterros não são biodegraveis, permanecendo nesses lugares por mais de 200 anos e liberando gases poluentes. 

THE NEXT BLACK

The Next Black é um documentário lançado em 2014 que discute sobre o futuro da moda, abordando questões como o conceito de vestuário e a fabricação das peças. Juntamente com grandes marcas, como Patagônia, Studio XO, Adidas, Biocouture, o documentário mostra quais serão as grandes inovações no mundo da moda no futuro. 

Há uma discussão sobre o conceito de vestuário, a importância das roupas para construção da nossa identidade, como lidamos com elas e que mensagem queremos passar quando vestimos certas indumentárias. É um documentário sobre inovação, onde pessoas amantes da moda mostram como querem muda-la, buscando uma moda mais sustentável, novos tecidos, novas soluções. 

MADE IN BANGLADESH

O documentário busca nos mostrar, através dos varejistas dos Estados Unidos, de onde as roupas das grandes marcas ‘populares’ de muitos países desevolvidos vem. Bangladesh é o segundo maior exportador de roupas do mundo, depois da China. 

A fábrica Tazreen Fashion, em Bangladesh, pegou fogo em 2012, matando pelo menos 112 pessoas. O edíficio tinha 9 andares, embora só tinha permissão para 3 andares, não havia escadas de incêndio, as janelas estavam trancadas e alguns meses antes o certificado de segurança do local havia sido renovado. Roupas da marca Faded Glory, vendidos no supermercado Walmart, nos Estados Unidos, foram encontrado nos meios dos restos carbonizados. Os donos da marca informaram que não sabiam que a produção de algumas de suas peças era realizada no local e que as mesmas haviam sido subcontratadas para produção na fábrica sem sua autorização. 

O documentário investiga o caminho que várias peças de vestuário percorrem até chegar em países como Bangladesh, mostrando as condições precárias e perigosas em que os trabalhadores estão expostos, e mostra até mesmo crianças a partir de 12 anos trabalhando. Questionam se essas marcam perderam o controle da sua cadeia de produção, questionam também os próprios varejistas, pela falta de documentos e informações acerca dos seus produtos. 

SWEATSHOP – Moda a Qualquer Custo

Sweatshop (2014) é um documentário lançado em 2015, onde três blogueiras norueguesas chegam a Phnom Pehn, Camboja, pela primeira vez para passar um mês vivendo com costureiros cambojanos e ficam horrorizadas com as condições de trabalho.

Ludvig Hambro, Frida Ottesen e Anniken Jorgensen, começam o documentário falando sobre todas as peças de vestuário que compram e relatam a dificuldade de guardar tudo o que têm. Ao chegar no Camboja, demoram a perceber o quão ruim é a vida das pessoas que trabalham produzindo indumentárias no território. Após dormirem, comerem e irem trabalhar com jovens, que ganham 3 dólares por dia, são tomadas por desespero e choro. 

UNRAVEL

Pra onde vão as roupas descartadas? O documentário Unravel busca relatar a realidade de países da Ásia e África. Se passando na Índia, busca mostrar o destino das milhares de toneladas de roupas, advindas de países como Estados Unidos e Japão, enviadas ao país todos os anos para serem recicladas pela empresa Panipat. Essas roupas passam por um processo de revitalização e assim, a partir desse processo, voltam aos países desenvolvidos quase sempre em forma de insumo para fabricação de novas roupas. 

TRACEABLE

O documentário é definido pelo significado do seu título: rastreável. Como podemos encontrar o lugar de onde nossas roupas vieram? O documentário mostra o que a indústria do fast-fashion é capaz de fazer com os trabalhadores, expondo os mesmos a trabalhos análogos a escravidão, sem um salário justo, condições precárioas de trabalho, muitas vezes sem acesso a direitos básicos, como saúde e educação. Propõe que repensemos a nossa definição de luxo, o nosso consumo exacerbado, porque além de estarmos fazendo mal para outras pessoas, também impactamos, de forma muito negativa, o meio ambiente.

KAMLANI, Tarannum. Made in Bangladesh. CBC. 2013. Disponível em: <https://www.cbc.ca/fifth/episodes/2013-2014/made-in-bangladesh>. Acesso em: 4 out. 2019.

NEIVA, Tânia. Para onde vão as roupas descartadas? Tânia Neiva. 2017. Disponível em: <https://tanianeiva.com.br/2017/09/22/para-onde-vao-as-roupas-descartadas/>. Acesso em: 4 out. 2019.

RODRIGUES, Marcela. Quatro Documentários Para Repensar o Consumo da Moda. A Naturalissima. 2016. Disponível em: <http://anaturalissima.com.br/moda-sustentavel-quatro-documentarios-pra-repensar-a-roupa/>. Acesso em: 4 out. 2019.

SANCHEZ, Giovana. Série envie blogueiros de moda para conhecer fábrica têxtil no Camboja. G1. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2015/01/serie-envia-blogueiros-de-moda-para-conhecer-fabrica-textil-no-camboja.html>. Acesso em: 4 out. 2019.

Documento de Posição Oficial (DPO)

O DPO é um documento que detalha as posições das representações em cada comitê. O MINIONU pede aos seus participantes que preparem seus respectivos DPOs para que sejam entregues no primeiro dia de atividades. Está será uma tarefa fácil se os alunos fizeram boa pesquisa e estudos a respeito de suas respectivas representações. Além de permitir que todos compartilhem as informações relativas ao posicionamento da representação, o DPO será a baliza a ser seguida pelos delegados na condução dos debates.

O DPO não poderá exceder 1 página e deverá trazer os principais pontos defendidos pelo país relativo ao tema em discussão em dado comitê.

Como preparar o DPO:

Apesar de parecer tarefa difícil, principalmente para delegados iniciantes, a escrita do DPO será tarefa fácil se o trabalho de pesquisa for feito com cuidado e dedicação.

O DPO deve conter breve introdução seguida de condensada explicação da posição assumida pelo país no temas discutidos no comitê. Lembre-se de incluir no documento os tópicos de discussão presentes no Guia de Estudos.

Resumindo, um bom DPO devera trazer:

  • Breve introdução relativa à sua representação à história do tópico e do comitê em que tal assunto será tratado;
  • Como seu país é afetado pelo tema em questão;
  • Citações de líderes de sua representação relativas ao tema tratado;
  • Ações já adotadas pela representação no que tange o tema;
  • Convenções e resoluções assinadas e ratificadas pela sua representação;
  • Ações da ONU apoiadas ou rejeitadas por sua representação;
  • Quais são os parâmetros que sua representação considera, razoáveis para lidar com o tema;
  • Qual o(s) objetivo(s) seu país espera alcançar na resolução que resultará das discussões do comitê;
  • Finalmente, como a posição das outras representações afeta a sua representação.

Lembre-se que todos estes fatos devem ser tratados de modo conciso e objetivo para que não exceda ao tamanho máximo pedido pelo MINIONU.

Bom trabalho!

Visualmente falando, espera-se que o DPO esteja assim:

Abraços e nos vemos em outubro!

Moda e Sustentabilidade

O surgimento da sociedade moderna ocidental com a sua transição para o capitalismo frente à industrialização, trouxe uma ideia de “moda” vinculada ao consumismo e à substituição de produtos em curto prazo. Com isso, a sociedade do consumo começou a ser convertida em um estilo de vida, em que apenas quem tem condições financeiras, possuem esses hábitos (ROTONDARO; ZANIRATO, 2016). Alimentada pela sociedade atual, a indústria da moda é uma das que mais gera empregos no mundo, sendo considerada a terceira maior atividade econômica em função de geração de renda e movimentações financeiras. Apesar de todos esses benefícios, é também o setor que gera mais resíduos (ANICET; RÜTHSCHILLING, 2013).

Devido ao crescimento das atividades na indústria têxtil, houve um aumento na demanda de matérias-primas, energia e, consequentemente, na produção de lixo em toda a cadeia produtiva. Dado isso, diariamente o setor têxtil atende à todas as demandas da população, mais precisamente nas questões de estética e padrões da vida cotidiana, onde são necessárias a fabricação de milhões de peças por mês no mundo inteiro (FRANCISCO; PINHEIRO, 2017).

A indústria da moda chega a ser a segunda mais poluente do mundo, onde se consomem cerca de 93 trilhões de litros de água por ano para a produção têxtil, em que são utilizadas cerca de 7 a 29 litros de água para o plantio de algodão (MENOS 1 LIXO, 2019). Essa produtividade pode ser justificada pelo fenômeno do  fast fashion, em que há a presença de uma moda efêmera com mudanças rápidas seguindo as tendências e os padrões, focada no consumo em massa e na baixa qualidade e durabilidade de roupas que provêm da produção de mão de obra barata ou análoga à escravidão (ANICET; RÜTHSCHILLING, 2013).

Consumo da água –
Fonte: Fashion Revolution

O consumo da moda resulta em desentendimentos com o ecossistema pelo uso cada vez mais intenso de recursos naturais e produção de lixo. Em toda a cadeia produtiva de uma peça de roupa estima-se que se utilizam ao redor de 2.700 litros de água (ROTONDARO; ZANIRATO, 2016). Para combater o fast fashion, surgiu-se um movimento sustentável em 2004 chamado slow fashion, inspirado no termo slow food que originou-se na Itália em 1990. Assim, o slow fashion nasce como uma alternativa socioambiental focada na sustentabilidade na indústria da moda que preza pela diversidade, a valorização dos recursos locais, a consciência socioambiental, a incorporação dos preços reais que adentram custos sociais e ecológicos e a manutenção de produções de pequenas a médias escalas (ANICET; RÜTHSCHILLING, 2013).

Para os dias atuais, a ideia do slow fashion se desenvolveu e tornou-se no conceito de eco fashion, ou seja, a moda sustentável ou a moda verde. É considerado um método moderno que atualmente muitas empresas adotam, tendo como princípio a produção de roupas sem nenhum processo poluente, visando diminuir o impacto que a indústria têxtil possui sobre o mundo, como a reutilização de água, o desvio do uso de produtos químicos que contaminam o solo e a água, a preocupação em cuidados para impedir os impactos sobre o uso da biodiversidade e, principalmente, uma maior atenção em relação aos direitos trabalhistas (ROTONDARO; ZANIRATO, 2016). Tal metodologia vem conquistando muitas pessoas e, também, comércios compostos por pequenos a médios produtores que adotam esse estilo de vida em diversas alternativas, como: a produção através de fibras naturais ou recicladas, materiais descartados, a fabricação de ecojoias e, por fim, de ecobags

A adoção da moda sustentável através do uso de fibras e tintas naturais na produção, a confecção de roupas orgânicas e a reciclagem de roupas usadas afetou as grandes grifes de moda, principalmente as do mercado inglês e alemão. Como resultado, hoje, grande parte da população do mundo adota a moda sustentável como um estilo de vida. Isso também é fruto de um grande avanço na indústria têxtil que trabalha em conjunto com as legislações rígidas de cada Estado, a fim de promover uma maior sustentabilidade e diminuir os nichos com trabalho análogo à escravidão (LOPES; SCHULTE, 2008). 

Contudo, mesmo que haja a existência de tais medidas que combatem o fast fashion e consumismo acelerado, para que haja a promoção da sustentabilidade, é necessário que haja entendimentos entre produtores e consumidores, uma vez que o consumo sustentável deriva de modos de produção focados em reduzir os desequilíbrios socioambientais causadas pela produção. Assim, o consumo sustentável pressupõe a reciclagem e a reutilização dos resíduos da produção, no uso de embalagens e produtos biodegradáveis e no emprego de tecnologias limpas, diminuindo a rápida substituição de peças de roupas por novas que demandam cada vez mais recursos naturais (ROTONDARO; ZANIRATO, 2016). 

Sendo assim, para que a sociedade melhore em relação à crise ambiental que vem abrangendo o mundo por diversas causas, sendo uma delas, o consumo desenfreado, é necessário um novo modo de conceber o desenvolvimento econômico dos países, o que diz respeito a solução dos padrões vigentes de consumo.

REFERÊNCIAS

ANICET, Anne; RÜTHSCHILLING, Evelise Anicet. Contextura: processos produtivos sob abordagem Zero Waste. ModaPalavra, Santa Catarina, v. 6, n. 12, p. 18-36, jul-dez. 2013. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/article/view/3473/2488&gt;. Acesso em: 14 set. 2019.

LOPES, Luciana; SCHULTE, Neide Köhler. SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: UM DESAFIO PARA A MODA. ModaPalavra, Santa Catarina, v. 1, n. 2, p. 31-42, ago-dez. 2008. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/article/view/7601/5107&gt;. Acesso em: 14 set. 2019.

MENOS 1 LIXO. mar. 2019. Disponível em: <https://www.menos1lixo.com.br/posts/o-consumo-de-agua-pela-industria-textil>. Acesso em: 14 set. 2019.

ROTONDARO, TATIANA; ZANIRATO, SÍLVIA HELENA. Consumo, um dos dilemas da sustentabilidade. Estud. av.,  São Paulo, v. 30, n. 88, p. 77-92,  Dec. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142016000300077&lng=en&nrm=iso&gt;. Acesso em: 14 set. 2019. 

O advento do Fast Fashion

Nos dias atuais nós observamos a existência de dois modelos de negócios na indústria da moda, a alta-costura e o famoso ready to-wear (pronto para vestir). Esse último modelo também é conhecido como fast fashion, um fenômeno baseado na rápida produção de roupas, todas seguindo as tendências do mundo moderno. A alta-costura surgiu na Europa Ocidental, mais comumente em países como Reino Unido e França, com muito uso e fama entre os séculos XIV e XIX, onde as classes mais ricas mandavam suas roupas para que fossem costuradas por alfaiates e costureiros particulares. “A moda já revela seus traços sociais e estéticos mais característicos, mas para grupos muito restritos que monopolizam o poder de iniciativa e criação.” (LIPOVETSKY, 1989, p.25). 

Com a primeira revolução industrial, no final do século XIX, um novo sistema de produção começou a surgir, respondendo às demandas da sociedade e se adequando ao novo contexto socioeconômico: o capitalismo industrial. As classes mais poderosas da sociedade passaram a aumentar a busca pela a produção de vestidos. Os costureiros e alfaiates, que antes iam de casa em casa, começaram a abrir ateliês para atender seus novos clientes e conseguir atender as demandas. O poder que antes era concentrado na aristocracia, agora passava para a burguesia, que detinha grande poder financeiro e condições de bancar esse novo sistema de produção. Com isso, há uma mudança da percepção social acerca da moda, uma vez que as variações e novidades foram sendo incorporadas no mundo da moda, deixando de lado a tradicionalidade (MUNHOZ, 2012).

A disseminação da alta-costura pode ser explicada pela necessidade de autoafirmação no meio social, ou seja, as pessoas têm o desejo de se tornar parecidas com aquelas da alta sociedade por meio das vestimentas, que traziam prestígio e notoriedade. Isso trouxe uma nova concepção ao vestuário, que agora passou a ter uma conotação de igualdade de aparências e não mais a de diferenciação de classes, visto que os indivíduos das camadas sociais mais baixas começaram a adaptar seu modo de vestir conforme reproduções que eram feitas por costureiros, inspiradas nas peças da alta-costura vendidas por preços mais baixos. Dessa maneira, até quem não possuía recursos para roupas que eram consideradas chiques, podiam desfrutar de peças influenciadas por renomados costureiros (MUNHOZ, 2012). 

Essa nova forma de consumo elevou os costureiros da alta-costura a um novo patamar, tendo em vista que agora eles adquiriram uma maior liberdade de criação, criando tendências e sendo reconhecidos mundialmente, pois as roupas eram feitas sob encomenda para a alta sociedade européia e copiada por outros costureiros nas Américas. Cada um deles tendo seu próprio estilo e atendendo a públicos específicos. Assim, houve o advento da escolha, ou seja, as pessoas podiam escolher as peças de roupas pelas quais mais tinham afeição, provando que a moda é inseparável do individualismo (MUNHOZ, 2012).  Após os anos de 1920 e 1930, o ‘New look’ criado por Christian Dior contribuiu para o aceleramento do ritmo da moda e sua produção, passando assim a lançar criações novas a cada estação (SVENDSEN,2004).  

A Segunda Guerra Mundial causou medo e angústia em solos europeus, por isso, diversos estilistas migraram para os Estados Unidos da América. Lá, a moda ganhou outro contexto, visto a crise que se instaurou na Europa devido aos conflitos armados. Eram produzidas roupas com medidas fixas de modelagem que se encaixava em diferentes formas de corpo. Antes, as roupas eram feitas sob medidas e exclusivas para determinadas pessoas, agora há o surgimento de uma produção em grande escala, onde uma peça de roupa pode ser adquirida por diversas pessoas. Essas peças de roupas, conhecidas como casual-wear (moda casual), são simples, pensadas por consultores de estilo, ou seja, vestimentas feitas para agradar a massa. Após o descobrimento desse modo de produção, por meio de cinema e das revistas femininas, as indústrias francesas e italianas começaram a produzir roupas da mesma maneira que os estadunidenses, visto que essa nova cultura de consumo foi bem aceita pelo público (ETIQUETA ÚNICA, 2018). 

O termo prêt-à-porter – em francês -, mas universalmente conhecido com ready to-wear, teve suas origens marcadas nessa época. Em 1949, na França, o estilista italiano Pierre Cardin, criou uma coleção para a loja Printemps, onde os clientes tinham a liberdade de adentrar no local e escolher uma roupa de seu tamanho e compra-lá. A ideia de Cardin foi considerada um rompimento de uma tradição que gerou grande revolta por parte dos magnatas da indústria da moda, no entanto, com o tempo, a cultura do ready to-wear mostrou-se consolidada (MUNHOZ, 2012). É possível pensar na democratização da moda ao pensarmos nessa nova forma de se consumir roupas, tendo em vista que a maioria das lojas não mais se preocupavam em produzir peças únicas para apenas uma pequena e rica camada da sociedade. Graças a essa revolução da moda, a preocupação dos lojistas era a criação de uma coleção de grande escala que agradasse o grande público. Se na alta costura a lógica era clientes específicos com roupas na medida certa, no ready to-wear, a ideia é a formulação de peças que se adapta ao corpo do cliente (MUNHOZ, 2012).

Paris era o centro da moda durante esse período e em 1961 já eram realizados eventos para o mundo inteiro com as peças ready to-wear. As grifes, que antes eram conhecidas como algo exclusivo e pertencente apenas às classes mais altas, agora passavam a incorporar a nova lógica de moda em suas coleções. Assim, as estruturas da alta-costura foram abaladas, pois não possuíam mais um mercado tão grande como antes, visto que eles deixaram de ditar o rumo da moda. Isso está certamente ligado ao declínio que o conceito luxo obteve, visto que esse não era mais o principal desejo de objeto das mulheres, levando em consideração que o ready to-wear surgiu para preencher o vazio entre a classe média e os grandes e renomados costureiros. Ademais, a preocupação pela autenticidade tornou-se  muito mais cobiçada do que a elegância (MUNHOZ, 2012).

Como ressaltado anteriormente, a alta-costura perdeu sua força para a forma de produção em massa de vestuários, entretanto, continuou sendo a maior forma de inspiração da indústria da moda, uma vez que personalidades como Christian Dior e Cristóbal Balenciaga trouxeram um novo vigor à alta-costura, dando aos ateliês novas coleções. O ready to-wear continua inspirando-se nesses costureiros para a produção de nossas peças e devido ao grande sucesso, as marcas de grife desenvolveram suas próprias submarcas (MUNHOZ, 2012).

Nos dias atuais podemos perceber a importância da moda na formação de identidades, na construção social do Eu. Com a ajuda do fast fashion, ela não está mais relacionada a diferenciação de classes, mas sim ao modo em como nós podemos expressar nossa individualidade. Apesar de tudo o que foi dito anteriormente, o advento do fast fashion também trouxe suas desvantagens. A moda também pode poluir, matar e escravizar. Segundo o filósofo Kant, a moda não têm nada a ver com a beleza e sim com uma questão de competição. “Para a estética moderna, a beleza reside no temporal, no transitório que é absolutamente contemporâneo.” (SVENDSEN, 2004). 

Para algo estar na moda, ele não precisa de mais nada além de ser considerado ‘novo’. Queremos criar uma velocidade cada vez maior de produção para que o novo tenha mais chance de aparecer. Lars Svendsen (2004) explica isso nos dando como exemplo a loja de roupas GAP, que substitui seus produtos a cada 8 semanas. Deste modo concluímos que na época atual, a moda busca mudanças superficiais, lançando coleções que, na realidade, não apresentam nada de novo (além de, por exemplo, aumentar ou diminuir o comprimento de uma saia de uma estação para a outra) e na maioria das vezes simplesmente se baseiam na reciclagem de coleções passadas, apresentando assim uma temporalidade cíclica. (SVENDSEN, 2004). 

Desde o século XV temos estilos sendo repetidos. A moda dura apenas um instante, é sempre substituída por coleções seguintes que depois são substituídas novamente e assim vai, entrando no esquecimento até o ponto em que, anos a frente, pode ser relembrada por estilistas que reciclam a mesma modelagem, a mesma estampa, os mesmos cortes. Sempre estaremos olhando para cópias diretas de itens de vestuário do passado. Apesar da modernidade ter ajudado em uma certa ‘democratização’ da moda, levando a oportunidade de ‘se vestir bem’ a todos os povos, o velho e o novo caminham lado a lado.  

REFERÊNCIAS:

LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e o seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989

MUNHOZ, Júlia Paula. Um ensaio sobre o fast fashion e o contemporâneo. Universidade de São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/moda/monografias/Julia.pdf>. Acesso em: 02 set 2019.

SVENDSEN, Lars. Moda: Uma filosofia. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.

Prêt-à-Porter – Conheça seu significado e história. Etiqueta Única, 2018. Disponível em: <https://www.etiquetaunica.com.br/blog/pret-a-porter-significado-e-historia/>. Acesso em: 02 set 2019.

Qual a diferença entre Trabalho Escravo e Trabalho Análogo à escravidão?

Olá senhoras e senhores delegados! No nosso post de hoje discutiremos conceitos fundamentais para a discussão do tema de nosso comitê: a diferença entre trabalho escravo e o trabalho análogo à escravidão. A diferença entre esses conceitos é fundamental para se pensar as condições de trabalho contemporâneas já que o tipo de escravidão mudou com o passar do tempo, não sendo mais necessariamente uma situação em que o trabalhador é comprado, mas sim, aliciado.

O trabalho escravo é uma constante na história humana, possuindo formas, significados e objetivos diversos (VIANA, 2006). O trabalhador escravo era normalmente advindo de guerras ou de dívidas, e em algumas sociedades, possuir um grande número de escravo significava poder e status. Na Grécia Antiga, poder presentear um amigo com um escravo era símbolo de status social, porém, nem todos os escravos realizavam trabalhos pesados; alguns eram músicos, poetas, médicos, entre outros. No Brasil, a escravidão estava associada com o trabalho nas lavouras, na medida em que a colônia era principalmente exportadora de bens primários. O fim da escravidão no país se deu no século XIX, após mais de 300 anos, sendo o Brasil o último país a aboli-la. É importante ressaltar que a característica principal deste tipo de trabalho é a posse: o escravo pertence a alguém, ele possui um proprietário.

Quando se pensa na contemporaneidade, o trabalho escravo se torna o trabalho análogo à escravidão, pois remete à um tipo de trabalho no qual o funcionário não é propriedade do contratante, mas é submetido a condições de trabalho precárias e insalubres, além de não trabalhar de maneira formal (carteira assinada) e de acordo com a legislação trabalhista. Este tipo de trabalho é assalariado, porém a remuneração é extremamente baixa, e muitos trabalhadores ficam presos a seus patrões por dívidas. Nas últimas décadas do século XX, houve um grande aumento desse tipo de trabalho por razões tais como o processo de migração no interior de nações e entre elas, com destaque para a produção agrícola, e também devido a políticas neoliberais que promovem um afastamento do Estado (GOMES, 2012).

Mesmo com a abolição da escravatura, o trabalho análogo à escravidão ou, segundo a nomenclatura da OIT, “trabalho forçado”, ainda existe e assombra os dias de hoje. Para ilustrar essa situação em números, a quantidade de pessoas que se encontram nessa situação, segundo Quirk (2008 apud GOMES, 2012, p.169) chega a 27 bilhões de pessoas, citando como exemplo os 20 milhões no continente indiano; 25 a 300 mil na China; 100 a 150 mil nos Estados unidos e 100 a 200 mil pessoas no Brasil.

Mulher estende cartaz em protesto ocorrido em Bangladesh, após incêndio em um prédio que abrigava inúmeras fábricas têxteis. Fonte: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/transparencia-moda-cadeia-produtiva-e-trabalho-escravo-contemporaneo-30112018/amp

Assim sendo, observa-se que a escravidão perdura na humanidade e ainda afeta a vida de milhões de pessoas, mesmo após leis de abolição e regularização das condições de trabalho, agora não se trata mais de ‘possuir’ outro ser humano, e sim de tirar sua dignidade. ” No Brasil, o termo trabalho escravo não é mais utilizado porque entende-se que a escravidão foi banida com a Lei Áurea.” (Instituto A Linha, 2019). Além disso, estas condições de trabalho afetam outros setores além do têxtil, e elas são conduzidas não só pelos Estados, mas também pelas grandes empresas privadas (GOMES, 2012). Desta forma, infere-se que o trabalho análogo à escravidão é um tema de fundamental relevância para o mundo moderno e nossa discussão!

Referências

BRAZIL. Global Slavery Index. Disponível em: https://www.globalslaveryindex.org/2018/findings/country-studies/brazil/ Acesso. 05 set. 2019

COMPARAÇÃO ENTRE A NOVA ESCRAVIDÃO E O ANTIGO SISTEMA. Repórter Brasil. Disponível em:

Comparação entre a nova escravidão e o antigo sistema
Acesso: 05 set. 2019

GOMES, Ângela Maria de Castro. Repressão e mudanças no trabalho análogo ao de escravo no Brasil: tempo presente e usos do passado. Revista Brasileira de História. São Paulo. v. 23, n. 64, p. 167-184, 2012.

TRABALHO ANÁLOGO AO ESCRAVO: ENTENDA O QUE ISSO SIGNIFICA E SUAS REPERCUSSÕES. Revista Vogue. Disponível em: https://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2018/12/trabalho-analogo-ao-escravo-entenda-o-que-isso-significa-e-suas-repercussoes.html Acesso: 30 ago. 2019

TRABALHO FORÇADO. Organização Internacional do Trabalho. Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/temas/trabalho-escravo/lang–pt/index.htm Acesso: 2 set. 2019

VIANA, Marco Tulio. Trabalho escravo a “lista suja”: um modo original de se remover uma mancha. Rev. Trib. Reg.Trab. Belo Horizonte. v. 44, n. 74, p. 189-215, jul./dez. 20

A equipe está completa!

Olá senhoras e senhores delegados! É com muita felicidade que apresentamos pra vocês os nossos voluntários lindos e cheirosos que chegaram pra completar a nossa equipe!

“Olá, delegados! Meu nome é Sofia França, e estou no quarto período do curso de Relações Internacionais da PUC Coração Eucarístico. Como esta é minha primeira experiência no MINIONU como voluntária, imagino que estou tão ansiosa para a chegada do evento quanto vocês. Estou muito feliz por poder fazer parte disso e espero que seja muito divertido para todos nós! 
Para vocês me conhecerem um pouco melhor, é bom que saibam que minha trindade sagrada de filmes da Disney é a trilogia de High School Musical, e que sim, High School Musical 3 é evidentemente o melhor dos três. Eu não sou a melhor pessoa do mundo em assistir séries, porque tenho uma leve preguiça de acompanhar as temporadas, porém a série que tenho assistido com mais frequência recentemente (e que tenho amado muito mesmo) é Brooklyn 99. Gosto de músicas de estilos diferentes, e não tenho um estilo preferido. Escuto o que der vontade, dependendo de como estou me sentindo. 
Enfim, é isso, gente! Boa sorte com os preparativos para o MINIONU e até outubro!!”

“Olá senhoras e senhores delegados! Meu nome é Yuri Soares Freitas, estou cursando o 2° período de Relações Internacionais da Praça e sou voluntario do comitê OIT (2019). Meu gosto musical é bem eclético, mas confesso que pop e indie têm um lugar no meu coração. Sou fascinado com questões sociais e estou sempre buscando saber mais e discutir sobre. Essa é minha primeira experiência no Minionu e estou muito feliz de participar dessa equipe incrível que traz à tona esse tópico tão importante! Espero que vocês gostem e aprendam muito com essa experiência e saibam que estarei disponível caso precisem de ajuda.”

A moda até o século XIX

Olá senhores e senhoras delegados! Hoje continuamos a breve história da moda a partir da Idade Média até o século XIX. Para entendermos o porquê da necessidade de cobrir o corpo, alguns aspectos sociais, históricos, geográficos e até econômicos são necessários para compreender a história da moda.

               A Idade Média na Europa foi marcada pela cristianização dos povos europeus, e a religião tinha uma relação estreita com o povo e a nobreza. E é justamente na indumentária religiosa, que conserva até hoje características medievais, que podemos ter ideia de como se vestiam estes povos. Os trajes dos imperadores eram semelhantes aos trajes eclesiásticos. As roupas das pessoas da corte e do palácio eram definidas de acordo com o posto e função. (NUNES, 2017).

               Era muito comum a confecção de túnicas nas próprias casas, feitas por mulheres camponesas. As túnicas eram tingidas de forma natural, porém eram rústicas e não muito confortáveis. O linho era usado para roupas de baixo porque era facilmente lavável e mais confortável do que a lã. Os povos mais abastados usavam lã de arminho e esquilo; a lã de coelho e carneiro para os mais pobres. (NUNES, 2017).

               A cor dos tecidos distinguia as classes, de forma que o vermelho era o preferido dos nobres, bem como o roxo para os reis e o papa. Para os camponeses, o marrom era cor mais utilizada. O tamanho das túnicas também descrevia o nível social. Pessoas de alta classe e riqueza tinham suas túnicas longas, com barras bordadas com padrões elaborados e apliques de pedras preciosas, além de usarem túnicas de tecidos igualmente preciosos. Já as roupas dos camponeses eram básicas, práticas e não decoradas. (NUNES, 2017)

               A túnica das mulheres ia do pescoço aos tornozelos; por baixo usavam uma camisa de linho de decote baixo e mangas curtas. As túnicas eram fechadas com broches, fitas, cintos e fivelas de ouro e prata cravejados de pedras preciosas coloridas. Havia também uma sobreveste mais pesadamente bordada, de forma semelhante à do estilo bizantino. (NUNES, 2017)

Um exemplo de roupas usadas no final da Idade Média

O manto fechado era outro tipo de vestimenta que foi bastante utilizada na Idade Média devido a sua alta praticidade e simplicidade. Os mantos eram inicialmente simples: eles consistiam em um grande pano de tecido que estava enrolado nos ombros e preso às vezes por um broche. Tanto homens como mulheres pobres e ricos. As pessoas pobres tinham mantos de tecido simples enquanto as pessoas ricas desta época usavam mantos feitos de seda e outros tecidos preciosos, adornados com peles como o arminho e presos com broches de joias. (NUNES, 2017)

O manto fechado era outro tipo de vestimenta que foi bastante utilizada na Idade Média devido a sua alta praticidade e simplicidade. Os mantos eram inicialmente simples: eles consistiam em um grande pano de tecido que estava enrolado nos ombros e preso às vezes por um broche. Tanto homens como mulheres pobres e ricos. As pessoas pobres tinham mantos de tecido simples enquanto as pessoas ricas desta época usavam mantos feitos de seda e outros tecidos preciosos, adornados com peles como o arminho e presos com broches de joias. (NUNES, 2017)

Exemplo de manto utilizado na Idade Média

Outra indumentária muito utilizada foi o pallium, que é uma espécie de cachecol ou lenço, podendo ser longo ou estreito. Costumava ser muito bem adornado, com muitas bandas e dobras. Era utilizado pela realeza porque demonstrava um status de poder. Até hoje essa ornamentação permanece, principalmente nos trajes eclesiásticos clássicos. (NUNES, 2017)

Exemplo de Pallium

Já no Renascimento, o florescimento da literatura, ciência, arte, religião e política, contribuíram para um desenvolvimento simultâneo de uma moda mais formal e uma rígida formalidade em lugar do corte que realçava o corpo das roupas da Europa medieval. Com isso, os tecidos eram caros e elegantes, na maioria das vezes usando o veludo ou a seda. (HISTÓRIA, MODA E SOCIEDADE, 2014)

Os homens utilizavam o gibão, que era um casaco justo, abotoado e feito principalmente de veludo, em que as mangas eram mais largas e cortadas na dobra do cotovelo para facilitar os movimentos. Por cima do gibão usava-se uma jaqueta curta sem mangas, fechada na frente com cadarços ou botões. A camada seguinte era a beca, que caía solta em várias dobras dos ombros até o chão. O gibão era usado aberto para exibir o alçapão, uma bolsa moldada e almofadada que exagerava os genitais em uma declaração de virilidade. (HISTÓRIA, MODA E SOCIEDADE, 2014)

Gibão utilizado no renascimento

Já os trajes femininos consistiam num vestido longo com saia em forma de cone e cauda sobre uma bata e uma camisola de linho junto à pele. As demais peças, normalmente eram compostas por corpete, saia e mangas. Os corpetes não eram tão apertados como em outras épocas e não chegavam a deformar o corpo. Ele era bastante usado pois evidenciavam a sensualidade feminina destacando sua silhueta e mostrava o colo com seus decotes amplos e deixando aparecer um pouco dos ombros. (HISTÓRIA, MODA E SOCIEDADE, 2014)

Indumentária Indumentária feminina no renascimento

O período Barroco – século XVII e início do XVIII – estilo este que influenciou desde arquitetura até a música também foi responsável por um vestuário caracterizado por ornamentação extravagante e com grande esplendor e rigidez. As vestimentas femininas perderam cada vez mais a leveza e simplicidade passando a ricos e formais. A mantua, veste típica da época, era uma sobreveste simples em forma de T, que ia dos ombros ao chão, com a saia presa nas laterais dando o aspecto de uma cauda longa, de cor própria ou contrastante. Para completar, corpetes em silhueta V e decotes mais fechados, que cobriam os ombros, e o rufo, cobrindo o colo. (CAVION; MORSCH, 2012)

A influência da corte de Versalhes na moda foi enorme, e a França passou a dominar em vários aspectos. As roupas elegantes, para as classes mais altas, significavam roupas francesas. Maria Antonieta (haverá um post só pra ela!) é considera uma lenda na moda, sempre inovando nas vestimentas. (LAVER, 1986)

Vestido usado pela Rainha Elizabeth em sua coroação

               O rufo era uma espécie de colarinho plissado, utilizado como uma roda em torno do pescoço. Dava um aspecto de cabeça erguida e um ar de arrogância, o que o tornou popular entre a nobreza europeia. Tanto homens como mulheres utilizavam o rufo. A ostentação de laços, fitas e panos cascateados do início e meio do Barroco foi substituída por um estilo mais rígido e estofado, dando a impressão de que os homens eram uma extensão da mobília em que se sentavam. (CAVION; MORSCH, 2012)

Luís XIV como exemplo da indumentária barroca

A moda no século XIX, após a Revolução Francesa, passou por mudanças significativas até atingir a identidade da verdadeira moda Império napoleônico. As roupas passaram a ser mais práticas e confortáveis. Os aspectos característicos do Antigo Regime desapareceram. As roupas mudaram drasticamente e o gosto do retorno à natureza tornou-se uma constante. A influência era inglesa e vinha do campo, tornando o aspecto da praticidade um fato real. As roupas masculinas adquiriram a sobriedade. O casaco era do tipo inglês de caça, com o uso de botas e também golas altas e ostensivos lenços amarrados no pescoço como adorno. (ESTILO CULT, 2016)

As mulheres passaram a usar trajes mais extravagantes, apostando até mesmo em calças, usadas em baixo das saias. Segundo James Laver (1986) muitos homens acharam essa atitude ultrajante à sua posição privilegiada e jornais famosos da época passaram a publicar charges ‘enfatizando as consequências de uma possível revolução sexual, em um mundo em que homens tímidos estavam totalmente submissos às suas mulheres que usavam calças”. Porém essa tentativa porque na metade do século XIX a dominação masculina, em todos os aspectos, atingiu o seu ápice. As roupas femininas foram reformuladas então, na tentativa de criar uma imagem de fertilidade, buscando aumentar os quadris, com saias rodadas buscando passar mensagens do tipo ‘não se aproxime, já tenho dono’.  (LAVER, 1986)

Indumentária masculina típica no início do século XIX

               A moda com o passar dos anos foi perdendo essa ideia de ‘mera necessidade’ e passou para uma questão mais próxima a função social, de forma que a indumentária refletia o nível e status das pessoas, a moda passou a ser uma questão mais estética. Desde a Idade Média começava a ficar claro essas funções sociais, como por exemplo, o fato de distinguir diferentes classes através de tecidos, cores e vestimentas. Também com o passar dos anos pode ser percebido que a estrutura, os estilos das vestimentas sofreram diversas modificações, em alguns anos mais extravagantes, alguns mais simples, sempre refletindo á história do seu próprio tempo. Dessa forma, a moda começava a visar a estética e a busca pelo aperfeiçoamento da aparência física. Com o passar do tempo, as classes menos privilegiadas também sentiram a necessidade de se ‘incluir’ na moda, buscando parecer cada vez com os mais ricos. Mas como elas podiam acompanhar as tendências, sendo que não tinha essa condição? No próximo post falaremos sobre o surgimento do fast fashion e como esse modelo se sustenta até os dias atuais.

Referências

CAVION, Rafaela; MORSCH, Marília. Barroco (séc. XVII – início séc. XVIII). Disponível: <https://historiandomoda.wordpress.com/2012/11/23/periodo-barroco/>. Acesso: 17 ago. 2019.

ESTILO CULT. A moda na Idade Contemporânea – Século XIX: Império. Disponível em: <https://estilocultblog.wordpress.com/2016/06/12/a-moda-na-idade-contemporanea-seculo-xix-imperio/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

HISTÓRIA, MODA E SOCIEDADE. A Indumentária Renascentista. Disponível em: <https://historiamodaesociedade.wordpress.com/2014/08/11/a-indumentaria-renascentista/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

LAVER, J, – A roupa e a moda – Uma história concisa – Tradução: Gloria Maria de Melo Carvalho – Ed. Companhia das Letras – São Paulo, 1989

NUNES, Beatrix. Moda na Idade Média. Disponível em: <http://www.beatrix.pro.br/donzela-tecela/moda-na-idade-media/>. Acesso em: 17 ago. 2019.

Dossiês

Queridos delegados e delegadas, é com imenso prazer que a OIT (2019) vêm informar que os dossiês já estão disponíveis para consulta e estudos! Estudem bastante e qualquer dúvida estamos a disposição!

Resultado de imagem para adidas png
Adidas
Resultado de imagem para anistia internacional png
Anistia Internacional
Resultado de imagem para bandeira burkina faso
Burkina Faso
Resultado de imagem para c&a png
C&A
Resultado de imagem para canadá bandeira
Canadá
Comunidade da Austrália
Estado Plurinacional da Bolívia
Estados Unidos da América
Estados Unidos Mexicanos
Resultado de imagem para russia bandeira
Federação Russa
Forever 21
Resultado de imagem para unicef png
Fundo das Nações Unidas para a Infância
Hungria
Japão
Nike
Nova Zelândia
Organização das Nações Unidas para Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres
Resultado de imagem para belgica bandeira
Reino da Bélgica
Reino da Dinamarca
Reino da Espanha
Reino da Noruega
Reino da Suécia
Reino da Tailândia
Reino do Camboja
Reino dos Países Baixos
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
Renner S.A
República Árabe da Síria
República Árabe do Egito
República Argentina
República Bolivariana da Venezuela
República da África do Sul
República da Colômbia
República da Índia
República da Indonésia
República da Turquia
República da União de Mianmar
República Democrática Federal da Etiópia
República do Chile
República do Paraguai
República do Sudão
República do Uzbequistão
República dos Camarões
República Federal da Alemanha
República Federal da Nigéria
República Federativa do Brasil
República Francesa
República Islâmica do Paquistão
República Italiana
República Libanesa
República Popular da China
República Popular de Bangladesh
República Portuguesa
República Socialista do Vietnã
Resultado de imagem para zara png
ZARA

Como tudo começou…

Olá senhores e senhoras delegados! Hoje, no nosso primeiro post, vamos fazer uma breve cronologia sobre a história da moda até o fim do Império Romano (com continuição no segundo post)! O escritor colombiano Thomas Carrasquilla afirmava que a moda é a própria vida, em determinados momentos do seu processo. Podemos perceber ao longo da história que a moda é importante para a compreensão de cada sociedade, ela tem muito mais a nos mostrar e informar do que vemos nos dias atuais.  

As grandes civilizações antigas surgiram em lugares relativamente quentes, com clima tropical, logo a proteção contra o frio não foi um dos principais motivos para o uso de roupas. Porém geólogos afirmam que antes dessas grandes civilizações surgirem, períodos de eras glaciais se alastraram pela Europa, com climas extremamente frios. Por conta disso, um dos principais motivos para se cobrir o corpo foi o clima. (LAVER, 1986). 

Durante o período paleolítico os primeiros habitantes da Terra eram nômades, não se fixavam em um só lugar, viviam da caça e da pesca, e através da pedra e do fogo produziam os instrumentos necessários para a sobrevivência. Com a era glacial o homem primitivo passou a viver em cavernas, para se proteger do frio, e percebeu que podia caçar animais não só pela sua carne, mas também pelo seu pelo. Porém com essa descoberta também surgiram alguns problemas. (LAVER, 1986).

Os pelos usados eram muito pesados e sendo colocados somente atrás do ombro, como uma capa, não protegiam as pessoas do frio intenso. Havia também o fato de que a pele dos animais com o tempo tornavam-se duras e difíceis de serem usadas, perdendo o seu principal papel. Era preciso criar uma maneira de dar forma, maleabilidade e maciez para os mesmos. (LAVER, 1986).

Uma das soluções encontradas foi a mastigação. As mulheres esquimós passavam horas mastigando as peles que seus maridos traziam da caça buscando deixa-las mais macias, porém esse processo, que é utilizado até mesmo nos dias atuais, é arriscado, porque se a pele ficar encharcada o trabalho deve ser feito de novo. Uma alternativa para essa técnica de mastigação foi a descoberta de que banhas de animais marinhos e óleo ajudava a conservar a pele mais maleável e o processo de curtimento. (LAVER, 1986).

Um exemplo das roupas usadas na Era Glacial

O processo de curtimento é um tratamento químico de couros e peles utilizado até os dias de hoje, onde a casca de certas árvores, ao serem mergulhadas na água, soltam ácido tânico. Ao colocar as peles e couros em contato com esse ácido por tempo considerável, elas se tornam maleáveis e à prova d’água, o que possibilitou com que os homens primitivos dessem forma as peles, cortando e moldando as mesmas. (LAVER, 1986).

As mulheres assumiram um papel importantíssimo nesse processo. Buscando moldar as peles ao corpo, elas extraíram os ossos dos animais mortos, como marfim do mamute, ossos de rena, presas de leão-marinho, e criaram a agulha de mão. (LAVER, 1986).

Criação da agulha de mão

Na Era Neolítica, os povos que viviam em climas mais temperados, como a Ásia Central, também tiveram que descobrir novas técnicas para a produção das peças de vestuário, se livrando das peças pesadas utilizadas anteriormente pelos seus ancestrais. Utilizando fibras animais e vegetais eles criaram processos como a filtragem onde pelos e lãs eram molhados, colocados em camadas, logo depois enrolados e depois compactados. As fibras vegetais, em sua maioria, eram derivadas de cascas de árvores, que eram colocadas em três camadas sob uma pedra chata com o intuito de tomarem a forma reta. Depois de todas estarem com o mesmo formato, as camadas eram sovadas, a fim de se tornarem somente uma, e era passado óleo para que a sua durabilidade fosse aumentada. (LAVER, 1986).


Peça indumentária da
Era Neol´ítica


Essas fibras vegetais feitas de cascas de árvores, muitas vezes, eram as preferidas para serem usadas na tecelagem, porque não necessitavam de cultivo e muito tempo para serem preparadas, como o algodão, por exemplo. Os homens primitivos também cuidavam de ovelhas, as quais tiravam a lã para fazer tecidos. A tecelagem, a partir dessa época passou a ser feita em grande escala, e como o tear era grande e pesado, era necessário um local fixo para a produção. O velo (lã) era cortado por métodos semelhantes ao dos dias atuais, as fibras eram fiadas, e o fio era tecido em um tear. Esse método deu início a todo processo de produção que conhecemos hoje. (LAVER, 1986).

Foram anos de transição de tecidos e vestimentas até chegar os dias atuais. A primeira civilização que se preocupou com a vestimenta por motivos estéticos se localizava no centro-sul da Turquia, entre os rios Tigre e Eufrates a cerca de 6.500 a. C. Mesmo já existindo a tecelagem, alguns insistiam em usar saiotes de peles, o que valorizava muito a profissão do costureiro.  A fibra mais utilizada para a produção dos tecidos era o algodão, a lã e o linho. No Egito, as roupas, além de cumprirem papéis estéticos, também assumiam o papel de diferenciar as pessoas de diferentes classes sociais. Os mais pobres, na maioria das vezes andavam nus, enquanto a nobreza gozava das peças mais caras e chiques, como tangas e túnicas. (OLIVEIRA, s.d). O uso de fibras animais era considerado impuro, logo se usava pouco a lã, optando, assim, pelo cultivo do algodão. Os mais pobres, como eram impossibilitados, devido ao seus status social, de usarem roupas, apostam nos adereços na cabeça, como perucas ou até mesmo cabelo natural.  


Vestuário Egípcio

Durante os séculos seguintes, VII e I a. C. houve o apogeu da moda na Grécia. O linho se tornou o principal tecido para a confecção das famosas túnicas, a peça mais características desses povos e que influenciou a criação das Togas, vestimentas típicas dos Romanos. As túnicas eram bem simples, sendo usadas até os joelhos e tornolezos pela população, e sendo um pouco mais curtas para os trabalhadores, com o intuito de aumentar a agilidade dos mesmos. Os mais ricos usavam túnicas feitas de algodão e os mais pobres feitas de lã. (OLIVEIRA, s.d)

Indumentária Grega

Os romanos também usavam túnicas e por cima da mesma, uma Toga. Quanto mais volume, maior o status social de quem usava. Essas roupas não possuíam forma em si, eram somente retângulos de tecidos de tamanhos diferentes que ‘’decoravam’’ os corpos. Inicialmente quando vestígios das antigas civilizações gregas e romanas foram descobertos, acreditava-se que as roupas usadas pelos mesmos eram brancas ou da cor natural do linho, porém estavam errados. Na realidade, as estátuas antigas haviam perdido toda a cor que um dia tiveram, logo, algumas pesquisas mostraram que os gregos e romanos de grande poder social usavam roupas coloridas e estampadas, diferentemente dos mais pobres. (OLIVEIRA, s.d).

Indumentária Romana

A moda e a sociedade são componentes integrados. Hábitos e costumes, a maneira pela qual as pessoas se vestem e consomem elementos vestuários se alteram a medida de que a cultura dos períodos históricos evoluem-se. O que era usado na era paleolítica certamente não se adequa mais aos costumes da época dos gregos, por exemplo. Essa é uma prova de que a sociedade sempre está em constante transformação e a moda é um dos diversos aspectos que acompanham essa mudança.

REFERÊNCIAS

LAVER, J, – A roupa e a moda – Uma história concisa – Tradução: Gloria Maria de Melo Carvalho – Ed. Companhia das Letras – São Paulo, 1989

OLIVEIRA, Ándrea. A história do vestuário – o costume de cada epóca. Disponível em: <https://www.cpt.com.br/cursos-confeccaoderoupas/artigos/a-historia-do-vestuario-os-costumes-de-cada-epoca>. Acesso em: 10 ago. 2019.

RESUMO SOBRE A OIT (2019) – Trabalho Análogo À Escravidão Na Industria Da Moda

A Organização Internacional do Trabalho (OIT – 2019) discutirá legislações para combater o trabalho análogo à escravidão na indústria da moda. Existem cerca de 40 milhões de pessoas vivendo em condições análogas à escravidão nos dias atuais e o setor de vestuário é o principal responsável, envolvendo principalmente mulheres e crianças. De matéria-prima até a venda nas lojas, a produção das peças de vestuário envolvem a participação de trabalhadores de diferentes lugares no mundo. Os trabalhadores são submetidos a jornadas exaustivas, ambientes de trabalho insalubres e tem sua liberdade limitada. A maneira como nos vestimos é uma forma de mostrar para a sociedade o que queremos ser, como queremos ser vistos. Porém, essa responsabilidade para com o modo de produção das peças não é só um dever para quem se interessa ou quem trabalha com isso, mas, também para quem as consome, ou seja, todas as pessoas.

A OIT pauta a sua atuação na busca para promover condições de trabalho decentes para os seres humanos em condições de equidade, liberdade, segurança e dignidade. O comitê vai tratar sobre transparência e responsabilidade na moda e criar reflexões dentro do consumo e produção daquilo que vestimos. Temos que nos atentar aos processos e saber que, interessados neles ou não, somos parte do avanço e do retrocesso e entender que o setor de vestuário é vítima de um sistema econômico que mais afasta do que engloba pessoas. A OIT (2019) quer levar ao conhecimento dos delegados a conduta das marcas que consumimos e o comportamento dos diversos países do globo frente a esse problema no que se refere ao cumprimento da legislação trabalhista. O futuro da moda está nas nossas mãos, vamos juntos buscar por uma moda mais transparente e responsável!

Referências imagem: MANN, VANESSA. Buying Clothes Without Supporting Slave Labour. Slavery Free Apparel. 2015. Disponível em: https://slaveryfreeapparel.wordpress.com/2015/06/15/buying-clothes-without-supporting-slave-labour/. Acesso em: 3 mai. 2019.